Director’s Statement – Jonathan Rodrigues

Note: first this essay will first appear in English. After the end it will be in Portuguese.

Observação: O texto primeiro aparecerá em inglês, depois do término aparecerá em português

Stephen King’s The Milkman and the End of Dollar Babies
For me, as well as for many other people of my generation, my passion for Stephen King was born in the film adaptations shown on broadcast TV, Stand by Me, Carrie, Christine, Pet Sematary, Cujo and many other films made the announcement of “a Stephen King film” the guarantee of a good horror film. It took me a few years to actually read the books, and they were just as fun as the films, and a few more years until I started making my own films, in an amateur and passionate way, of course, and the desire to make my own adaptation didn’t take long to emerge.

It was in mid-2023 when I received a link from a friend, an article talking about the Dollar Baby program, by Stephen King himself, and the possibilities began to emerge. According to King himself, it was around 1977, when he began receiving letters from students and young filmmakers requesting permission to adapt some of his short stories, that he thought of creating this interesting program where amateur filmmakers pay the symbolic amount of one dollar for the adaptation rights. I quickly read all the short stories available in the program and ended up returning to one that quickly caught my attention, Morning Deliveries (Milkman #1), part of the book Skeleton Crew, released in 1985.

A lack of dialogue, a single character, a simple but interesting story, it’s everything an independent filmmaker without resources loves, since the lack of resources is always an incentive for creativity.

During the necessary procedures, I discovered that the project would be closed in December 2023, due to the retirement of Margaret Morehouse, who was responsible for the project, and I then found myself with the responsibility of creating one of the last Dollar Babies, and that was yet another incentive. Script ready, actor cast, theme defined, everything ready to make a dense, disturbing, yet simple film, combined with the psychopathic face of Breno Alves, my protagonist, and the anti-music by L. Bórgia Rossetti, a short film was ready that tries to distance itself as much as possible from King’s other adaptations, many of which seem to follow a formula and share a mood, while still being completely faithful to the original story. The anti-climax may also surprise some and cause revolt in others. I don’t know if Stephen King himself will ever watch the copy I sent him, but I like to imagine what this session would be like. Would it be something like The Shining, where he hated Kubrick’s different adaptation and praised the TV adaptation that is more of the same? Or like Carrie, where he praised what can be done with a limited budget? Maybe he’ll watch it and keep his opinion to himself, or maybe he’ll never watch it, but I wish I could tell him how honored I was to have the opportunity to have his name in the credits of one of my films.

Jonathan Rodrigues, September 30, 2024

O Leiteiro de Stephen King e o fim dos Dollar BabiesPara mim, assim como para muitos outros da minha geração, a paixão por Stephen King nasceu nas adaptações para o cinema exibidas na TV aberta, Conta Comigo, Carrie, Christine, Cemitério Maldito, Cujo e muitos outros filmes fizeram o anúncio de “um filme de Stephen King” ser a garantia de um bom filme de terror. Foram alguns anos até realmente ler os livros, e era tão divertido quanto aos filmes, e mais um tanto de anos até começar a fazer meus próprios filmes, de forma amadora e apaixonada, claro, e a vontade de realizar minha própria adaptação não demorou muito pra nascer.Foi em meados de 2023 quando recebi um link de um amigo, um artigo falando sobre o programa Dollar Baby, do próprio Stephen King, e as possibilidades começaram a surgir. Segundo o próprio King, foi lá por 1977, quando ele começou a receber algumas cartas de estudantes e jovens cineastas solicitando permissão para adaptarem alguns de seus contos, que ele pensou em criar esse interessante programa onde cineastas amadores pagam o valor simbólico de um Dólar pelos direitos de adaptação. Eu rapidamente li todos os contos disponíveis no programa e acabei voltando para um que rapidamente me chamou a atenção, Morning Deliveries (Milkman #1), parte do livro Skeleton Crew, lançado em 1985.Ausência de diálogos, um único personagem, história simples, porém interessante, é tudo que um cineasta independente sem recursos adora, uma vez que a falta de recursos é sempre um incentivador da criatividade.Durante os trâmites necessários, descubro que o projeto seria encerrado em Dezembro de 2023, devido à aposentadoria de Margaret Morehouse, responsável pelo projeto, e me vejo então na responsabilidade de criar um dos últimos Dollar Babies, e isso foi mais um incentivo. Roteiro pronto, ator escalado, tema definido, tudo pronto pra realizar um filme denso, incômodo, ainda que simples, aliado a cara de psicopata de Breno Alves, meu protagonista, e da anti-música de L. Bórgia Rossetti, estava pronto um curta-metragem que tenta se afastar ao máximo das outras adaptações de King, muitas parecem até seguir uma fórmula e compartilhar um clima, mas ainda sendo totalmente fiel ao conto original. O anti-clímax também pode surpreender alguns e causar revolta em outros. Não sei se o próprio Stephen King algum dia assistirá a cópia que lhe enviei, mas gosto de imaginar como seria essa sessão, seria algo como em O Iluminado, onde ele detestou a adaptação diferentona do Kubrick e elogiou a adaptação para TV que é mais do mesmo? Ou como em Carrie, onde ele elogiou o que pode ser feito com um orçamento limitado? Talvez ele veja e guarde a opinião pra si mesmo, ou talvez jamais veja, mas gostaria de poder lhe dizer o quão honrado fiquei por ter a oportunidade de ter seu nome nos créditos de um filme meu.

Jonathan Rodrigues, 30 de Setembro de 2024